“O PT resolveu apoiar o grupo Sarney retirando o apoio à aliança PCdoB/PSB. Que fale o povo do Brasil e do Maranhão”, anunciou no twitter o deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), pré-candidato ao Governo do Maranhão, minutos após a decisão tomada na reunião do Diretório Nacional do PT, nesta sexta-feira (11), em Brasília. O deputado Domingos Dutra, do PT do Maranhão, reagiu com indignação: “Venceu o crime organizado comandado pelo Sarney, pelo filho, pela filha.”
Em nota divulgada pouco depois da decisão petista, Flávio Dino reafirmou que manterá sua candidatura mesmo sem o apoio do PT. "Prossigo na pré-campanha no Maranhão, com o PCdoB, o PSB, os petistas e os movimentos sociais. A esperança está mais viva do que nunca. Quem conhece o sofrimento e a pobreza do povo do Maranhão, e se indigna com essa situação vergonhosa, não se permite ter medo", registrou o deputado comunista. No dia anterior, em discurso no plenário da Casa, Flávio Dino disse, dirigindo-se à bancada do PT na Câmara e no Senado e aos seus militantes e dirigentes que no dia 27 de março, o PT do Maranhão resolveu apoiar aliança com PCdoB e PSB. “Fraternalmente, como pré-candidato indicado da aliança, militante da esquerda brasileira, aliado e membro fiel, leal, dedicado e determinado da base do Governo Lula, venho perguntar como companheiros petistas legitimam essa suposta intervenção, essa pretendida revisão sobre a decisão autônoma adotada pelo PT do Maranhão”, indagou o deputado.
Para Domingos Dutra, a decisão do PT nacional representa uma contradição política com o governo do presidente Lula, que está democratizando o Brasil e, no Maranhão, eterniza uma oligarquia de 40 anos, em detrimento dos aliados históricos do PT, como PSB e PCdoB. “Quando a gente chorava a derrota do Lula, o Sarney saboreava as vitórias”, lembra, acusando o senador de ter se aliado a todos os governos desde a época da ditadura militar.
Também para Flávio Dino, a decisão é uma “incoerência”. “Não há razão, suporte, não há condições jurídicas sequer para se proceder à essa revisão ou intervenção. A aliança que pretendemos se insere puramente no campo do Governo Lula. Se a Direção Nacional do PT resolver apoiar a candidatura da Sra. Governadora Roseana Sarney, estará sim sendo incoerente, uma vez que fazem parte da aliança que apoia a Governadora partidos que aqui não são da base do Governo Lula, o DEM, por exemplo, ou que têm candidatos que não é a Ministra Dilma, como o Partido Verde.”
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira, o PCdoB "lastima profundamente" a decisão tomada hoje pelo Diretório Nacional do PT. "Tal decisão contraria os mais fundos sentimentos progressistas e democráticos dos maranhenses", diz o documento, assinado pelo secretariado nacional do PCdoB.Dutra: "o PT que tem voto está com Flávio Dino"
"Não vamos acatar essa decisão porque violentou as regras do PT”, anuncia Dutra, acrescentando que “se Flávio Dino mantiver a candidatura, que é o que eu defendo, o PT que tem voto está com o Flávio Dino. Nós estamos juntos com ele."
O petista maranhense lembra que “existe resguardo no estatuto do Partido de que questões antiéticas nós não somos obrigados a cumprir e levar o PT para o PMDB do Sarney fere a ética, a moral. É uma família de bandido”, diz, destacando que “não sou eu que conhece, o Maranhão que conhece, todo o Brasil conhece.”
“Estou em greve de fome para denunciar essa violência, a violência do Sarney no Maranhão, para otimizar a candidatura de Flávio Dino e obter entendimento com diretório nacional”, anunciou, dizendo que ainda acredita na reversão da decisão “ou eles vão expulsar a gente”, concluiu.
Aliado de toda hora
Enfatizando a fala de Dutra, Flávio Dino lembrou que “o PCdoB sempre sustentou este projeto, sempre sustentou este Governo, nos piores momentos. Não somos daqueles que só navegam nas águas tranquilas, na bonança da popularidade do Presidente Lula.”
E continuou: “Enfrentamos as derrotas de 1989, de 1994, de 1998, enfrentamos as crises que houve neste Parlamento. O Presidente Aldo Rebelo assumiu, em nome do nosso partido, esta Presidência para ajudar nosso Governo. Podemos e devemos sim nos dirigir ao PT dizendo que nós do PCdoB pretendemos lançar o primeiro candidato a Governador da história do nosso partido. São 88 anos de história e esta é primeira vez que apresentamos pré-candidatura ao Governo Estadual. Sempre apoiamos o PT, e o apoiamos em praticamente todos os Estados, vencemos a disputa estadual.”
Ao encerrar sua fala, Flávio Dino retribui o apoio recebido de parcela significativa dos petistas do Maranhão, ao reverenciar a liderança camponesa, histórica, o fundador do Partido dos Trabalhadores, o líder Manoel da Conceição, assim como a candidata a vice-governadora Terezinha Fernandes, Bira do Pindaré, pré-candidato ao Senado, e o deputado Domingos Dutra, “que tem sido exemplar e corajoso na defesa das posições políticas do PT do Maranhão.”
Íntegra da Resolução Diretório Nacional do PT
Política de Alianças no Maranhão
Considerando as diretrizes estabelecidas no 4º Congresso Nacional do PT que definiu como objetivo principal de 2010 a vitória na eleição presidencial, com a candidatura da companheira Dilma Rousseff, para dar continuidade aos avanços do projeto democrático e popular liderado pelo Presidente Lula;
Considerando que o 4º Congresso estabeleceu, ainda, a respeito das eleições estaduais, que é de competência da direção nacional a deliberação, em última instância, sobre as questões de tática e alianças nos Estados;
Considerando a importância do PMDB na base aliada do nosso governo e na composição da coligação eleitoral nacional para as Eleições 2010;
O Diretório Nacional
RESOLVE
1. Aprovar a coligação estadual majoritária com o PMDB no Estado do Maranhão e à candidata ao Governo do Estado, Roseana Sarney;
2. Determinar à Comissão Executiva Estadual do PT do Maranhão, na realização de sua Convenção Oficial para a escolha de candidatos e aprovação de coligações às próximas eleições gerais, a observância das diretrizes estabelecidas na presente Resolução, em consonância às normas legais, bem como às normas estatutárias definidas no Capítulo I do Título V do Estatuto do PT.
Brasília, 11 de junho de 2010
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
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