Marcela Rodrigues, vice-presidente PA/AP da UNE.No congresso que comemorou os 70 anos da União Nacional dos Estudantes, o Pará elegeu sua primeira vice-presidente regional da UNE mulher. Estudante de 21 anos, cursando engenharia ambiental na UEPA, Marcela estará à frente de uma das mais importantes e tradicionais organizações da sociedade civil. A tese “Bloco na Rua”, da qual fazia parte, foi eleita com mais de 70% dos votos, obteve amplo apoio das forças políticas que disputam o movimento estudantil, com o compromisso de aprofundar a pressão para que o governo cumpra seus compromissos de campanha. O 50º Congresso da UNE aconteceu em Brasília, entre os dias 4 e 8 de julho, e reuniu cerca de 8 mil pessoas, sendo mais de 4 mil delegados com direito a voto, eleitos em 1.808 universidades de todos os estados do país
BlogdoRodrigoMoraes:Como foi o inicio de sua militância?
Minha militância iniciou por acaso, como a de tantos outros jovens. Na verdade queria contribuir de alguma forma, e ainda não tinha encontrado espaço pra isso. Foi assim, então, que compus uma chapa pro Diretório Central dos Estudantes, mesmo sem saber direito no que isso acarretava. Entrei e a chapa saiu vitoriosa. Isso foi pro DCE da UEPA, onde começei a militar e pude ser eleita delegada pro congresso da UNE. Lá eu entrei em contato com o debate de idéias, o que foi muito importante pra mim. O congresso da UNE tem esse poder de falar de política na linguagem da juventude e ganhar o estudante pro debate. Hoje, milito em um partido de muita tradição, que faz história, o PCdoB. É muito bonito ver que em um momento que a direita, raivosa por levar uma rasteira das forças progressistas, tenta trucidar a perspectiva de luta institucional, o PCdoB venha crescendo e avançando com suas idéias de transformação dentro da juventude e dos trabalhadores e trabalhadoras.
BlogdoRodrigoMoraes:O que pretende pra essa gestão?
Vamos lutar para que a UNE encampe uma grande campanha defendendo o direito da mulher sobre o seu corpo, leia-se, pelo direito ao aborto. Aproveitar o fato de ser uma das pouquíssimas mulheres que chagaram à frente da entidade para colocar o dedo na ferida do machismo presente na política e, particularmente, no movimento estudantil. Sou contra a redução da maioridade penal, que exclui e criminaliza ainda mais os jovens que não tem perspectivas na sociedade de hoje. Garanto que temas como o meio ambiente, a democratização dos meios de comunicação e a liberdade do conhecimento se tornarão cada vez mais efetivos na agenda do movimento estudantil. A partir do uso das novas tecnologias,a UNE pretende dar uma dinâmica ao Circuito Universitário de Cultura e Arte, que congrega o trabalho cultural da entidade. No campo educacional –carro chefe da entidade–,agente se compromete a lutar pela aprovação do plano nacional de assistência estudantil e a regulamentação do ensino privado. Aqui no Norte, principalmente no nosso estado, temos grandes desafios a ser travados e nós já começamos com tudo! a Campanha "A Vale é do Povo" reflete bem isso. A questão da Meia passagem intermunicipal, que nós começamos a lutar desde a gestão do Rodrigo Moraes (sua gestã,risos), mobilizou muitos estudantes semana passada até a Assembléia Legislativa e vamos sair com importantes vitórias. Temos que fortalecer a rede do movimento estudantil no estado, organizando o que foi criado nas gestões passadas, e ampliando nossa atuação. É preciso ter os estudantes organizados pra enfrentar questões delicadas que envolve divisão do estado, mudança da nossa cultura polítca, fortalecimento dos movimentos sociais e da CMS (coordenação dos movimentos sociais), bem como mudar o perfil da educação, que no Pará é um dos piores do Brasil.
BlogdoRodrigoMoraes:Qual sua opnião em relação a divisão do Pará?.
A divisão é um tema muito polêmico, mas acredito que as reinvidicações dos trabalhadores que propõe isso são justas. O problema é que existe uma elite que se apropria desses problemas pra se beneficiar politicamente e isso deve ser evitado. O problema da ausência do estado, enquanto instituição, deve ser superado de outra forma, com mudança no planejamento de gestão. Construir esse planejamento ouvindo a população de todas as regiões, construindo conjuntamete, com uma melhor distribuição de orçamento, descentralizando a esfera estatal com pólos regionais das secretarias seria um grande avanço, e isso tá começando a acontecer. Agente pode fazer com que os trabalhadores possam ser contemplados em suas necessidades sem precisar saciar o desejo da parte corrupta de políticos que querem engrandecer seus poderes. E é um desejo muito caro! a implantação de um estado é altamente onerosa, recurso que poderia ser investido solucionando muitos problemas que a divisão diz vir resolver, coo a integração, por exemplo. Nós podemos ter a transamazônica e a Santarém-Cuiabá asfaltadas por políticas de estado, bem como a meia passagem intermunicipal vai vir facilitando o deslocamento e isso acarreta em integração. E tem mais uma questão, a descentralização vem no sentido de fortalecer o estado e torná-lo mais presente, com unidades regionais, não no sentido neoliberal de colocar pra população uma responsabilidade de estado
BlogdoRodrigoMoraes:Quais suas reflexões sobre o movimento estudantil nos dias de hoje?.
O movimento estudantil de hoje é taxado como fraco ou inexistente, e isso nada mais é do que uma grande farsa, um grande meio de dominação da juventude. Todo um aparato idelógico armado pros estudantes deixarem de crer na sua força, e é contra isso que agente tem que lutar. Nossa luta hoje é contra a falsa liberdade, contra o monopólio da mídia, contra a privatização do estado e da educação, contra a entrega da amazônia, contra a ditadura do capital que amarra de forma invisível, mascarada. Hoje a UNE dialóga com milhares de estudantes, em sua grande maioria, trabalhadores, que voltam a estudar e apelam pra iniciativa privada pra poderem ingressar no ensino superior. É responsabilidade nossa garantir a qualidade desse ensino, buscar novas formas pra UNE ser ouvida entre esses estudantes, que tem um novo perfil. Garantir a expansão do ensino público, políticas de permanência do estudntes dentro da universidade. Garantir que o ensino privado seja regulamentado, obedecendo um critério de qualidade baseado no ensino, pesquisa e extensão, e barrar o crescimento desenfreado dessas instituições. A luta hoje é tão dura quanto de outros tempos, porque um número ainda maior de pessoas morre pelas balas repressão, só que quem atira está sem uniforme, e as vezes é seu próprio visinho que ganha a vida atraves do tráfico, do roubo, porque essa mesma ditadura quando diz que chegamos ao fim da história tira dos jovens sua perspectiva de um futuro, tira dele o banco do colégio, a vaga do emprego. É essa história que temos que transformar e a luta está travada. E contamos nada mais nada menos que um exército unificado em todo Brasil e nos quatro cantos do Pará que "não corre da raia e constrói a manhã desejada".
VALEU MARCELA NA PRÓXIAM SEGUNDA UMA NOVA ENTREVISTA...
3 comentários:
Gostaria de, primeiro, valorizar a iniciativa do blog de entrevistar lideranças e referência da juventude paraense, e começar com um espaço para a União Nacional dos Estudantes é começar com o pé direito (ou melhor, "esquerdo" e socialista rsrsr). Segundo, parabenizar o Rodrigo, que já foi diretor da UNE e fez uma excelente gestão, por sempre dar espaço para o movimento estudantil e continuar em uma luta que não é apenas dos estudantes, mas de toda a juventude do Estado e, finalmente, à Marcela, vice PA/AP da UNE, que vem fazendo um grande trabalho na entidade, retomando vários espaços e levando o nome da UNE à todos os estudantes, em todas as Universidades, construindo democraticamente a gestão que está sendo iniciada.
Parabéns Camaradas!!!!
desejo-lhe Sucesso nestas lutas!
Cara demorou em bater um papo com a Marcela, elá com certeza será uma liderança estudantil no estado do Pará.
Conte comigo Marcela, nessa sua jornada, em defesa da educação e de uma sociedade mais justa.
Um forte abraço
Ketno Lucas
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