segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Greve geral dos bancários deve iniciar amanhã



Greve geral dos bancários deve iniciar amanhã (Foto: Diário do Pará)
Caso seja confirmado essa é a mensagem que os clientes irão encontrar nas portas dos bancos (Foto: Diário do Pará)
O Sindicato dos Bancários do Pará vai iniciar uma greve geral por tempo indeterminado conforme deliberação da categoria bancária no Pará e em todo país, definida em assembleia no último dia 12.

Para a confirmação o sindicato da categoria fará hoje uma entrevista coletiva na sede do Sindicato, às 15 horas, para prestar os esclarecimentos necessários sobre o movimento de greve, a paralisação no Pará foi iniciada dia 4 de setembro.
Durante as assembleias que atencederam a decisão pela greve os bancários rejeitaram a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de índice de reajuste de 6%, por isso, mais de 8.500 bancários paraenses irão cruzar os braços e parar as 531 agências de bancos públicos e privados em todo Estado. “Não aceitamos que os bancos, que são as empresas que mais lucram no país às custas da exploração da mão-de-obra bancária e da cobrança de taxas e tarifas exorbitantes dos clientes e usuários dos bancos, ofereça para a categoria um reajuste de 6%, o que representa uma ganho real de apenas 0,58%. Exigimos respeito e valorização, queremos salários dignos e condições de trabalho decentes. E com a força da nossa greve nacional seremos vitoriosos”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim.

Bancários estão indignados

"Os bancários vão à greve porque estão indignados com a postura mesquinha e gananciosa dos bancos. São o setor mais rentável da economia, continuam batendo recordes de lucratividade mesmo maquiando os balanços, premiam seus altos executivos com remuneração milionária cada vez maior, enquanto pagam aos bancários salários mais baixos que nos países vizinhos e ainda fazem uma proposta de reajuste que é inferior à quase totalidade dos acordos salariais assinados no primeiro semestre por setores da economia menos rentáveis", explica Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários nas negociações com a Fenaban.

Os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) tiveram R$ 25,2 bilhões de lucro líquido no primeiro semestre, mesmo lançando nos balanços R$ 39,15 bilhões como provisões para devedores duvidosos.

Nas reivindicações os trabalhadores se aportam em Pesquisa do Dieese que revela que 97% dos acordos salariais do primeiro semestre no país contêm aumentos reais de salário, quase todos acima da proposta de 0,58% apresentada pela Fenaban na penúltima rodada de negociação, no dia 28 de agosto.

Para eles a proposta da Fenaban também é uma completa contradição com a política de remuneração anual dos altos executivos dos bancos. Segundo dados fornecidos pelos quatro maiores bancos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os diretores estatutários terão um reajuste de 9,7%, o que representa aumento real de 4,17%. Cada diretor do Bradesco embolsará este ano R$ 4,43 milhões. O do Santander, R$ 6,2 milhões. E o do Itaú, R$ 8,3 milhões no ano.

É um contraste gigantesco com o piso dos bancários, hoje de R$ 1.400. Esse piso, que equivale a 681 dólares, é menor do que o salário de ingresso do bancário uruguaio (1.089 dólares) e argentino (1.200 dólares), segundo levantamento feito pela Contraf-CUT.

"Vejam que situação perversa. Aqui estão os maiores lucros dos bancos e as mais altas remunerações dos executivos, junto com os salários mais baixos dos trabalhadores. São práticas inadmissíveis como essas que tornam o Brasil um dos 12 países mais desiguais do mundo e a quarta pior distribuição de renda da América Latina", critica a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim.

Carta à Fenaban

A Contraf-CUT enviou carta à Fenaban no dia 5 de setembro para informar sobre o calendário de mobilização aprovado pelo Comando Nacional e reafirmar que os sucessivos resultados positivos dos bancos permitem atender às demandas dos bancários.

"Somente os cinco maiores bancos tiveram R$ 50,7 bilhões de lucro líquido em 2011, com uma rentabilidade de 21,2%, a maior do mundo. No primeiro semestre deste ano, as mesmas instituições apresentaram lucro líquido de R$ 24,6 bilhões, maior que em igual período do ano passado, mesmo com o provisionamento astronômico de R$ 37,34 bilhões para pagamento de devedores duvidosos, incompatível com a situação real de inadimplência", afirma o texto assinado pelo presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

A Confederação conclui a carta ponderando que, "como sempre acreditamos no diálogo e apostamos no processo de negociações, aguardamos manifestação dessa Federação com uma nova proposta até o dia 17 de setembro, para que possamos submetê-la à apreciação das assembleias".

As principais reivindicações dos bancários são:

Reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5%). Piso salarial de R$ 2.416,38. PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos. Plano de Cargos e Salários para todos os bancários. Elevação para R$ 622 os valores do auxílio-refeição, da cesta-alimentação, do auxílio-creche/babá e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º auxílio-refeição.  Mais contratações, proteção contra demissões imotivadas e fim da rotatividade. Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral. Mais segurança. Igualdade de oportunidades. 
Fonte: DOL

Nenhum comentário: