sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Usuário já pode fazer chamadas gratuitas nos orelhões


O paraense pode fazer ligações locais para telefones fixos gratuitamente, sem precisar de cartões, nos telefones públicos operados pela Oi. A medida começou a valer ontem, como punição aplicada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) à empresa por não cumprir a meta de manter funcionando e revitalizar pelo menos 90% da planta de telefones de uso público (TUPs) e garantir a densidade de quatro TUPs para cada mil habitantes, como prevê o decreto nº 7.512 de 2011.

Enquanto a operadora não atingir essas metas, as ligações efetuadas a partir de orelhões serão gratuitas. O benefício será encerrado se as metas de revitalização e operacionalidade dos telefones públicos forem atingidas antes de 30 de outubro e se as metas de adequação da densidade também estiverem superadas até 31 de dezembro.

Ontem, no primeiro dia de validade das ligações gratuitas, muitos usuários ainda desconheciam o benefício, mas aprovaram a novidade, que torna o telefone público realmente útil.

A reportagem visitou alguns bairros de Belém efetuando testes de chamada. Apenas cinco dos 36 orelhões visitados apresentavam algum problema na ligação. Quatro aparelhos estavam em locais de acesso dificultado, cercados pelo mato. Em quatro outros orelhões havia dano na cobertura, mas o aparelho funcionava. Um dos orelhões tinha apenas a cobertura, mas não tinha aparelho. Em todos os consultados que estavam funcionando, foi possível fazer a ligação gratuita.

O vendedor de farinha Luiz Carlos Ramos, de 40 anos, trabalha na avenida Bernardo Sayão e vendia cartões de telefone fixo. Ele deixou de fazê-lo pela dificuldade em conseguir os cartões e pelas vendas fracas. 'As pessoas preferem colocar crédito no celular. Mas essa gratuidade é uma 'forra'. Agora o difícil é encontrar um telefone público funcionando. Esse que estou usando agora não funcionam se chover. No centro, também é difícil encontrar um que preste', comentou, enquanto ligava para casa e comprovava que a gratuidade era verdadeira. Luiz Carlos mal lembrava da última vez em que tinha usado um telefone público.

A vendedora de açaí Alzira Serrão Ribeiro, 59 anos, tem um telefone em frente ao ponto que ocupa, na esquina da passagem Gastão com a avenida Senador Lemos. Animada com a novidade, ela parou as máquinas e não resistiu a testar a ligação gratuita. Porém, o telefone não estava funcionando. 'Achar um que funcione é o problema. Mas eu sou usuária de telefone público e acho que essa medida ajuda muito. Principalmente, numa emergência ou num recado rápido que precisamos dar a alguém', opinou.

Gentil de Araújo Freitas, 66 anos, é proprietário de um mercadinho na travessa Pirajá com a avenida Marquês de Herval. Dentro do estabelecimento, há um telefone público que não funciona. Na esquina, do outro lado da rua, há, porém, um que funciona normalmente. Para ele, tornar gratuitas as ligações é democratizar a telefonia. 'Agora, sim, o telefone público é público mesmo. Claro, traz prejuízos para a operadora, mas já é o pão com o queijo dentro. As pessoas valorizarão mais esses telefones porque eles ganharam mais utilidade. Hoje em dia, esses telefones são abandonados', disse.

Oi diz que vai cumprir meta

Em nota, a Oi informou que assumiu, no segundo semestre do ano passado, compromisso com a Anatel de revitalizar sua planta de telefones públicos. A operadora acrescenta que o cronograma de realização dessas melhorias foi prejudicado por questões alheias à vontade da companhia, como o atraso na entrega de 135 mil equipamentos por parte de fornecedores nacionais e intempéries climáticas. Por conta desse atraso, a companhia cogitou, junto à Anatel, a homologação de fornecedores estrangeiros dos equipamentos. Além disso, a empresa vem realizando mensalmente a atualização, junto à agência reguladora, de informações sobre o cronograma.

A empresa também afirma que houve melhora significativa dos indicadores estabelecidos no compromisso. Mas, em virtude de alguns atrasos, a Oi optou por uma forma de compensação pública e, voluntariamente, ofereceu gratuidade no uso de orelhões nos municípios que não puderam ser atendidos no prazo acordado, como forma de reparação junto aos usuários dessas localidades. A Oi acrescenta que continua trabalhando no plano de recuperação dos orelhões e tem intensificado os esforços para mitigar os problemas enfrentados ao longo de sua execução.

A companhia informa, ainda, que 252 mil aparelhos serão trocados no período entre este ano e o próximo. 'Além da degradação provocada por fatores como intempéries climáticas, os orelhões são constantemente vandalizados', diz a operadora..

Fonte: Jornal Amazônia

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