quinta-feira, 22 de março de 2012

Água é fonte de insatisfação em Belém




Imagine uma casa onde os afazeres domésticos só têm início após às oito horas da noite por causa do abastecimento deficitário de água. Pois é o que acontecerá hoje, no dia Dia Mundial da Água, em uma residência na Rua da Mata, na Marambaia, em Belém. Há dois anos, Rosemary Cordovil, 21 anos, mora em um kitnet, no segundo andar de um prédio, e a água só chega à torneira depois desse horário. 'Durante o dia, com todo mundo usando água, não adianta abrir a torneira porque não cai sequer uma gota. Só à noite mesmo', contou. É a noite que a dona de casa lava a maior parte da louça utilizada durante o dia, as roupas e limpa a casa. 'Também encho baldes para ter água no dia seguinte para cozinhar e dar banho no bebê.'


No Telégrafo, também na capital, a situação é parecida. Maria Augusta Martins, 64, passou a comprar água mineral para beber depois que várias pessoas na casa receberam diagnóstico de contaminação por ameba, protozoário que pode ser contraído pela ingestão de água contaminada. 'Achamos que foi por causa da água que sai muito suja da torneira'. Além da qualidade ruim, os moradores do bairro reclamam também do abastecimento. Jéssica Martins, 23, neta de Maria Augusta, contou que o fornecimento é interrompido de duas a três vezes por semana. A situação, segundo as duas mulheres, é ainda pior nos finais de semana. 'Aos domingos, às vezes, falta água o dia inteiro.'


A insatisfação com a água fornecida pela Cosanpa é a mesma em outros municípios da Região Metropolitana de Belém. Em Marituba, a 11 quilômetros da capital, a falta de qualidade obriga a dona de casa Rosângela Castro a usar a água da torneira apenas para lavar roupa, tomar banho e fazer limpeza. 'Tem dias que a água sai da torneira amarelada, por isso não tenho confiança nem para cozinhar. Prefiro comprar água mineral, é uma despesa a mais, mas a gente se sente mais seguro'. Ainda em Marituba, no loteamento Portelinha, no bairro da Pirelli, o problema está na falta de abastecimento de água. As 70 famílias que ocupam a área há 4 anos não têm água potável. 'A água é meu maior sofrimento. Quer dizer, a água não, a falta de água', desabafou a dona de casa, Neuza Souza.

Fonte: O Liberal

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