De geração em geração, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), marcada pela inquietação responsável por fazer do movimento secundarista uma grande mobilização de massas, no dia 25 de julho de 2012 comemorou junto a todo povo brasileiro seus 64 anos de luta. No histórico, ruas ocupadas com milhares de jovens em marcha, caras pintadas, cartazes, bandeiras, avenidas paradas e palavras de ordem que ecoam e repercutem na voz das gerações herdeiras.
Ubes divulgação
São mais de seis décadas de mobilizações dentro das escolas. A UBES é formada por estudantes que desde 1930 e 1940 começaram a se organizar em diversas regiões do país e permanecem lutando contra o fechamento de bibliotecas, reivindicando a falta de professores nas salas de aula, a falta de investimento no ensino, a democratização ao acesso e à qualidade da educação que a juventude quer para o Brasil.
Os secundaristas eram representados por um departamento dentro da União Nacional dos Estudantes (UNE) até o final da década de 1940, quando a participação dos estudantes se intensificou e ganhou ainda mais coordenação.
No dia 25 de julho de 1948, durante o 1° Congresso Nacional dos Estudantes Secundaristas que aconteceu na sede da UNE na Praia do Flamengo, aconteceu a fundação oficial da entidade. Nascida em meio ao desenvolvimento do país, os secundaristas foram atores políticos das mais relevantes mobilizações do cenário nacional, como na campanha de nacionalização do Petróleo, quando lideraram as principais manifestações, e criaram a Comissão Estudantil em Defesa do Petróleo.
As lutas históricas refletem nas gerações herdeiras. Em 1956 a Revolta dos Bondes que parou o Rio de Janeiro, na época uma condução usada por quase todos os estudantes por conta do baixo preço. Aos seus 64 anos, com passeatas pelo Passe Livre estudantil atualiza a luta pelo acesso, pulando catraca e denunciando as tarifações abusivas, a juventude reafirma seu legado.
Na linha dura da ditadura, o amadurecimento
Período de amadurecimento da entidade aconteceu durante a ditadura militar, quando grêmios e entidades de base foram destruídos com a promulgação do Ato Institucional N°5. O ano de 1968 tornou-se o sinônimo de uma rebelião estudantil mundial: em quase todo o mundo os estudantes (secundaristas e universitários) foram às ruas, entraram em confronto com a polícia, realizaram greves e levantaram bandeiras de diferentes matizes.
No luto, a luta se intensificou. A morte do estudante Edson Luís em março de 1968 não só marcou o momento de reconhecimento da verdadeira face do sistema de repressão, mas também deu origem à Jornada Nacional de Lutas da UBES que acontece todos os anos neste mesmo mês em memória dos estudantes que Edson representou no enfrentamento a ditadura.
Nos caminhos da reconstrução
Nos marcos da redemocratização e as véspera da campanha pelas “Diretas Já”, aconteceu o 21° Congresso de Reconstrução da entidade, deixando para gestão eleita no 22° Congresso em 1983 aconteceram importantes para afirmações da nova fase da Ubes. O reconhecimento oficial da entidade, o relançamento do jornal que parou de circular em 1964, a realização do 1° Seminário Nacional sobre Educação e o 1° Encontro de Escolas Técnicas de Nível Médio são algumas destaques do período que também marcou o início das apresentações do Projeto de Lei de Legalização dos Grêmios Livres ao Congresso Nacional.
Exigindo as eleições diretas em todos os níveis, a Ubes fez parte da coordenação nacional do comício das “Diretas Já”, levando os secundaristas para as ruas em 1984 no ato que marcou o período de redemocratização no país.
Os caras pintadas tomam as ruas
Mais uma vez reescrevendo a história do povo brasileiro, em 1992 durante os protestos de forte pressão popular, os estudantes tiveram importante papel no aprofundamento das denúncias que levaram ao impeachment do então presidente, Fernando Collor de Mello. Os secundaristas foram os primeiros a gritar “Fora Collor” e criaram a marca dos caras pintadas.
Da mesma forma, a geração vitoriosa do pós-impeachment enfrentou o neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso em defesa do patrimônio nacional e contra as políticas educacionais com bandeiras de luta como “Queremos mais que apertar parafusos” em defesa do ensino técnico.
64 anos de Ubes com uma geração 10
As conquistas se multiplicam com a campanha “Se Liga 16!” que tem colocado os secundaristas no debate político e aumentado o número de jovens nas urnas, a conquista da obrigatoriedade do ensino de sociologia e filosofia nas escolas, a retomada da sede histórica na Praia do Flamengo, aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Estatuto da Juventude são algumas das marcas do movimento secundarista.
Em luta permanente, a juventude comemora os 64 anos de UBES acompanhando com muita pressão a defesa do investimento de 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para educação no Plano Nacional de Educação; formulação de uma lei nacional da meia entrada; projeto nacional de Passe Livre estudantil; reserva de vagas para estudantes de escolas públicas em universidades públicas; ampliação do ensino técnico, reformulação do currículo escolar que corresponda às necessidades da juventude e os novos desafios que surgem nos quatro cantos do país rumo à construção de uma UBES do tamanho do Brasil.
Fonte: Blog da Ubes
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