(Foto: Reprodução/Diário do Pará) |
“Blues”, disse Jim Morrison. “Blues original, se é que existe essa coisa.” Foi assim que o cantor descreveu “L.A. Woman”, em uma entrevista na época do seu lançamento, falando a Ben Fong-Torres, da revista Rolling Stone. O jornalista anotava, na entrevista, que Jim Morrison tinha envelhecido um pouco e já se pronunciava uma “barriguinha de cerveja” no lendário vocalista. Morrison tinha apenas 27 anos.
Era o sexto álbum para a Elektra Records, e saía há exatamente 40 anos. Morrison, o tecladista Ray Manzarek, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore compunham o núcleo central do grupo. No disco, houve a adição do baixista Jerry Schelf (emprestado da banda de Elvis Presley por recomendação do produtor) e de Marc Brenno (guitarra base).
Inédita
Há um atrativo extraordinário para os fãs no relançamento agora de “L.A. Woman” (Rhino/Warner Music): uma canção inédita do grupo, “She Smells So Nice”. A faixa foi descoberta pelo produtor Bruce Botnick quando estava examinando os tapes da sessão de gravação do álbum.
Delicioso produto autêntico dos Doors, com os improvisos cíclicos de guitarra e teclado, “She Smells So Nice” parece uma daquelas músicas que não têm hora para acabar, pode ser tocada a noite toda. O álbum lançado agora é duplo, o disco 2 traz todas as faixas originais em takes alternativos, com registros da presença da banda nessa captura dos blues originais. As conversas dos integrantes dos Doors no estúdio dão o clima de chapação e delírio que completa o presentação.
Muitos consideram este o grande disco dos Doors. “Ele é provavelmente o primeiro disco de indie rock”, disse o escritor e jornalista David Fricke. A batida da canção “The Changeling”, que abre o disco, além a pulsão do teclado, já anuncia que vai ser uma viagem sem chão. Impressionante a energia, a cadência e o grau de envolvimento emocional de algumas canções, como “Love Her Madly”, e o cover de “Crawling King Snake”, do lendário John Lee Hooker. Aqui, a visão de Morrison sobre o legado do blues tradicional abre um portal de possibilidades para o rock que viria.
Jim Morrison também comparece com seu integral sarcasmo na abertura de algumas canções (no disco alternativo), como antes da gravação de “Riders on the Storm”. John Havia descompromisso e respiravam um ar de liberdade e delírio naquele momento artístico. Ao final do disco 2, no finalzinho da faixa “Rock Me”, Jim Morrison brinca com seu próprio verso da faixa-título, uma espécie de anagrama de seu nome, Mr. Mojo Risin.
Logo após a gravação de “L.A. Woman”, Morrison foi para Paris, onde adotou uma rotina de reclusão com a mulher, Pamela Courson Morrison. Após sua morte na banheira, Pamela morreria de overdose de heroína em abril de 1974. Os Doors continuaram gravando como um trio até 1973, mas a ausência de Morrison selou seu destino - faltava o carisma do seu frontman. Manzarek até pensou em reconstituir o grupo com Iggy Pop à frente da banda, mas não deu certo.
Mas o carisma e o legado de Jim Morrison desafiam o tempo. Em 1980, foi publicada a biografia do músico, “Daqui Ninguém Sai Vivo”, de Danny Sugerman e Jerry Hopkins. A revista Rolling Stone saiu com Morrison na capa e com o seguinte título: “Ele é quente, ele é sexy, ele está morto”. Toda a ressurreição culminou com o lançamento, em 1991, do filme de Oliver Stone, com Val Kilmer no papel de Morrison.
Fonte:(AE)
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