sábado, 26 de maio de 2012

Descaso: Belém é a pior capital do país em infraestrutura



Belém é a capital brasileira com os piores índices de infraestrutura urbana no entorno dos domicílios. Essa foi a constatação feita pelo estudo 'Características urbanísticas do entorno dos domicílios', feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) com base no Censo 2010 e divulgado ontem. A capital paraense aparece na última colocação dos rankings de oito dos dez critérios utilizados pelo instituto. No mais preocupante deles, Belém surge como a cidade do País, com mais de um milhão de habitantes, com o pior índice de esgoto a céu aberto no entorno de residências com quadras definidas.

O estudo mostra que 44,5% dos domicílios particulares de Belém possuem esgoto a céu aberto. Considerando a análise de toda a Região Metropolitana, esse percentual sobe para 47,6%. Enquanto isso, a média nacional é de 11%. Como comparativo, São Luís, no Maranhão, que apresenta o segundo pior cenário entre os 15 municípios com mais de um milhão de habitantes, possui 33,9% dos domicílios nessa situação. Já Goiânia e Belo Horizonte, com os melhores índices, registraram os percentuais de 0,5% e 1,4%, respectivamente.

O número de lixo acumulado nos logradouros da cidade também chama atenção em Belém, que, novamente, surge como o panorama mais negativo do País. Enquanto a média nacional foi de 5%, Belém registrou 10,4% das casas com lixo acumulado - 9,7% em toda a região metropolitana. Fortaleza, apresentou o segundo pior quadro, com proporção de 7,7%; seguida por São Luís (6,3%) e Manaus (6,3%). Novamente, as menores incidências foram apontadas na capitais goiana (2,6%) e mineira (2,8%).

O levantamento revela ainda que Belém, no coração da Amazônia, é a cidade com mais de um milhão de habitantes menos arborizada do País. A média nacional apontou 68% e a capital paraense ficou em 22,4%. Manaus, também no meio da floresta, indicou um dos piores índices de arborização, apenas 25,1%. Na outra ponta se destacaram Goiânia, com 89,5%, e Campinas, com 88,4%.

A capital paraense registrou ainda baixos percentuais na identificação dos logradouros. Apenas 35,5% das casas pesquisadas em Belém tinham identificação, bem distante do índice nacional que apontou quase o dobro: 60,5%. Além disso, enquanto 81,7% dos domicílios tinham pavimentação no entorno, esse número caia para 69,6% em Belém. Em relação ao item iluminação pública, apesar de parecer alto o índice de 93,7% na capital paraense, ele aparece como o mais baixo do País. A média nacional é de 96,3%.

As únicas categorias nas quais a capital paraense não se destaca negativamente é “rampa para cadeirantes”, onde aparece na 10ª posição entre 15 cidades com mais de 1 milhão de habitantes, e incidência de bueiros/bocas de lobo, onde surge na sétima posição. De acordo com o Censo 2010, a incidência de rampas é muito baixa, da ordem de 2,7%, mas ainda está em condição mais satisfatória do que Fortaleza (1,6%), São Luís (1,9%), Salvador (2,2%), Guarulhos (2,4%) e Manaus (2,5%). O maior contraste a esses percentuais foi observado em Porto Alegre, cujo índice chega a 23,3%. Já a incidência de bueiros ou boca de lobo nas quadras, fundamentais para o escoamento da água das chuvas, ficou em 53,2%, superior ao índice nacional que registrou 41,5%. A melhor marca foi apontada no Rio de Janeiro (84,6%) e
a pior em Fortaleza (16,5%).

Na avaliação de Wasmália Bivar, presidente do IBGE, o desempenho negativo da cidade de Belém, em comparação as boas avaliações de Goiânia e Belo Horizonte, deflagram as diferenças socioeconômicas que ainda persistem. “Existem desigualdades sociais em relação a logradouros com esgoto a céu aberto entre essas cidades. As desigualdades regionais são fruto das  desigualdades socioeconômicas. Podemos associar nível de renda, idade dos moradores e oferta de serviços públicos a essas características pesquisadas”, destacou. “O Centro-Oeste tem Estados menores e o Distrito Federal, que foi planejado. As cidades planejadas [como Goiânia e Belo Horizonte] se beneficiaram deste planejamento em infraestrutura. Essa é a importância do planejamento urbano para as políticas públicas das cidades”.

Fonte: O Liberal

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